segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Carta – Parte I

Eu queria tentar escrever que a vida anda boa, que a saudade não ta tão dolorosa e que eu to me virando bem sem você. E eu sei que to, eu sei que as coisas podiam ser bem piores, mas ta difícil viver sem você!
Eu sei também que você não me abandonou, colocou alguns anjos no meu caminho pra me alegrarem, mas a saudade ta tão grande!
Quando eu chego aqui nesta casa enorme e a tua voz não faz eco nas paredes, eu não escuto os teus passos, e eu não te vejo deitado naquela rede me dá uma dor tão grande no coração! Mas eu sei que era pra ser assim, não to reclamando de nada também,- a vida anda boa até, obrigada por se preocupar. - eu sei que no final das contas eu fui uma vencedora, fiquei na tua vida durante doze, quase treze anos e pude aprender muitas coisas que vou levar pra sempre!
Muitas coisas estão acontecendo na sua ausência..
O mundo não ta tão bonito assim como a gente sonhava. Os políticos não ficaram mais honestos, pelo contrário, aparecerem mais escândalos, prende-e-solta-prende novamente-e-solta, os bandidos não estão mais piedosos e o aquecimento global só está aumentando. E por um lado eu fico muito feliz que você não esteja vendo isso acontecer.
Estou herdando o seu gosto pra poesia, roubei - e já devolvi - os seus livros do Drummond, comprei mais livros dele e agora estou lendo Quintana. Talvez não seja nem a poesia deles que me faça gostar, mas a lembrança de que você escolheu aqueles livros cuidadosamente para a sua estante. E eu não vou deixar de escrever. Ah! Eu lembro que você sempre me incentivou para a escrita, eu prometo que não vou parar! Até porque, um dos meus anjos de guarda tem me feito escrever periodicamente.
As notas de matemática não são as melhores, mas eu prometo me esforçar nas próximas provas. Já era quase previsível que as minhas notas decaíssem um pouco, já que o meu melhor professor tem faltado às aulas por um tempo.
Eu comecei escrevendo essa carta triste, mas agora, depois de lembrar as palavras que foram dirigidas por você, minha alegria volta.
E eu prometo também voltar a escrever cartas para você.

E talvez o final desta carta não esteja tão bom quanto o começo, mas tenho uma justificativa que tenho certeza que você entenderia: As mulheres acabaram de chegar aqui, com cachorra e companhia e a conversar e a lembrar como você pensou na gente quando fez esta casa.
E não, eu estou evitando terminar esta carta, porque eu não quero me despedir de novo, como nos outros textos. Então vou deixá-la em aberto, de modo que um dia volto a escrever pra você.

Mando um beijo bem estralado, porque você merece! ♥

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